A Incendiária – Resenha

Tang
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Eu estava saindo de uma leitura difícil e bastante desanimadora, ''Inferno'' de Dan Brown foi umas dos livros mais decepcionantes do ano passado, sua narrativa cansativa me fez repensar minha rotina de leitura que já estava estabelecida a bastante tempo, meu medo era que os próximos livros da lista também fossem igualmente decepcionantes, me fazendo entrar numa possível ressaca literária e abandonar os próximos livros da minha lista pessoal, se isso tivesse acontecido eu ficaria bastante triste e desanimado.

Mas, ao começar a leitura de ''A Incendiaria'' esse sentimento rapidamente ficou para trás, a narrativa me cativou desde o primeiro capítulo, focando na fuga de Andrew e Charlie McGee o autor pôde construir com maestria a relação dos dois personagens. Pai e filha lutando pela sobrevivência, lutando contra um inimigo que dificilmente poderia ser derrotado, A Oficina os perseguia de modo a explorar seus poderes, talvez para transformar em arma biológica, ou para criar outras pessoas com as mesmas habilidades de Andy e Charlie, o objetivo deles ainda não sabemos.

No passado Andrew e Vicky foram cobaias num experimento cientifico feito pela Oficina, os cientistas disseram que seria feito apenas um teste de uma nova substância alucinógena, uma droga conhecida como ''Lote seis'', criada em laboratório e até então desconhecida pelos cientistas do mundo todo, os dois aceitaram ser cobaias e em troca receberiam alguns trocados, simples e fácil. Mas ao receberem a ''Lote Seis'' eles perceberam que a substância era mais que um simples alucinógeno, a genética dos dois foi modificada de maneira aleatória, os dois desenvolveram alguns poderes telepáticos: outras cobaias também tiveram estranhos efeitos colaterais, alguns cometeram suicídio, outros ficaram completamente loucos, e assim como Andrew e Vicky tiveram aqueles que desenvolveram algumas habilidades telepáticas, mas acabaram morrendo num curto período de tempo após receberem a ''Lote seis'', Andrew e Vicky foram um dos poucos que sobreviveram ao experimento.

Os dois tiveram um relacionamento afetivo, eles se apaixonaram perdidamente e acabaram se casando, dessa união nasceu Charlie McGee. A menina desde muito pequena demostrou ter herdado as habilidades telepáticas dos pais, e mais que isso, ela conseguia fazer fogo com a força da mente, habilidade conhecida como pirocinese: Charlie é uma incendiária.

Quando A Oficina soube que a menina herdou os poderes de Andrew e Vicky McGee, e era ainda mais poderosa, eles passaram a perseguir a família McGee para explorar os poderes da garota e comprovar a eficácia do ''Lote Seis'', que, até então, era considerado um fracasso no meio científico, mas agora tudo mudou, a menina era a prova de que o ''Lote Seis'' era possivelmente a mais descoberta cientifica da humanidade, A Oficina precisava pôr as mãos na menina a qualquer custo.

Tem algo de muito familiar nessa narrativa:


''A Incendiária'' é uma estória clássica de ficção cientifica, por esse motivo eu encontrei muitas semelhanças entre esse livro e outras obras da cultura pop. Já vimos em muitos outros lugares essa mesma sinopse: pessoas que obtiveram poderes especiais através de um experimento cientifico passam a ser perseguidos por alguma instituição governamental, isso porque querem explorar seus poderes: seja em franquias de super-heróis como os X-men, ou em séries de muito sucesso da Netflix como ''Stranger Things'' já vimos essa mesma história ''antes'', com algumas poucas diferenças, por esse motivo não considero esse livro perfeito, apesar de que mesmo quando ele nos conta uma história que já foi contada, Stephen King sempre consegue nos surpreender, trazendo algo de novo e muito criado para sua narrativa.

O crescimento de uma menina: a liberdade de uma mulher:

''Linguisticamente, sexo e fogo são gêmeos siameses (''paixão ardente'', ''fogoso'') e é a mais suja das piadas freudianas dizerem para Charlie que a capacidade dela de botar fogo nas coisas é a ''Coisa Ruim'' e que ela não deve usá-la senão vai ferir os pais.''

Podemos perceber que o ''fogo'' nessa história é uma analogia implícita para o ''sexo'', Charlie é uma incendiária, mas foi ensinada desde muito pequena que fazer ''fogo' é perigoso e que pode machucar seus pais se ela o fizer, ela então cresce reprimindo esse ''poder'' com medo de machucar as pessoas a sua volta. Mas Charlie está crescendo, e seu poder de ''Fogo'' cresce junto com ela, mais cedo ou mais tarde ela terá que usar essas habilidades para fugir da Oficina e só então encontrar sua liberdade.

Stephen King mais uma vez demostrou ser um homem brilhante, abordando o despertar sexual de uma personagem baseada na própria filha, explorando poder, liberdade e muito empoderamento, isso faz de ''A Incendiaria'' um dos livros mais geniais desse autor.

Edição especial: Biblioteca Stephen King

A suma de letras decidiu lançar os livros esgotados do Stephen King aqui no Brasil, livros raros que já não podiam ser encontrados para comprar nas livrarias (mesmo em cidade grande), mas agora nós temos a oportunidade de conhecer mais obras desse autor incrível, numa edição incrível em capa dura, south touch, alto-relevo e conteúdo extra (um texto maravilhoso escrito por Grandy Henderson, me ajudou a escrever essa resenha).

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