Antes de falar mais sobre o porquê deste folhetim ser um fenômeno histórico, vou mostrar um pouco da sinopse:
“Catalina Creel Larios (María Rubio) envenenou seu próprio marido para ficar no comando das indústrias farmacêuticas “LarCreel”. Como consequência disso o pobre homem sofre um acidente de carro e morre. Neste acidente, seu filho Alexandre (Alejandro Camacho) conhece Leonora (Diana Bracho), uma boa moça que socorre seu pai mesmo sem êxito. É chegada a hora do testamento, e para isso José Carlos (Gonzalo Vega), o outro irmão de Alexandre regressa de Houston. A abertura do testamento causa espanto a todos, pois só poderá tomar posse da fortuna o filho que primeiro lhe der um neto. As coisas estariam mais fáceis para Alexandre já que este é casado com a ambiciosa Vilma (Rebecca Jones), enquanto José Carlos é solteiro.
Tudo se complica quando Alexandre descobre que Vilma é estéril, e ele para não perder a fortuna do pai trama um diabólico plano, se envolver com Leonora, a boa moça que acudiu seu pai no acidente. Leonora, inocente, cai na armadilha de Alexandre e se casa com ele sem saber que ele já era casado. Leonora engravida e ao dar a luz tem seu bebê tirado. Transtornada, Leonora é internada compulsoriamente em um hospital psiquiátrico, nesse tempo ela arquiva recortes de revista que noticiassem qualquer assunto relacionado a família Larios, e com esse hábito, descobre a existência de José Carlos. Alexandre apresenta a sua mãe o menino como um neto legítimo, ela descobre toda a verdade, mas não se importa, pois tem uma paixão doentia pelo filho, ao contrário de José Carlos a quem insiste em culpar pela falsa perda de um de seus olhos.
Leonora após um ano de internamento obtém alta, seu objetivo é recuperar seu filho, assim, ela planeja seduzir José Carlos e com ele se casar, pois dessa forma estaria financeiramente forte e próxima daquele. Quando José Carlos apresenta sua família, Leonora sente estar na boca de lobos, pois Catalina Creel não polpa tormentos à ela. A moça não conta a verdade para o marido pensando em perdê-lo. Em meio a tudo isso, Catarina Creel ameaça e mata com as próprias mãos todas as pessoas que sabem deste segredo e que de alguma forma podem prejudicá-la.”
Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Cuna_de_lobos
Ficha técnica:
Número de episódios: 170 (85 na versão internacional)
Episódio final: 5 de junho de 1987
Gêneros: Drama, suspense e romance policial
Primeiro episódio: 13 de outubro de 1986
Criador: Carlos Olmos
Emissora original: Canal de las Estrellas
No elenco, teve: Maria Rubio, Diana Bracho, Gonzalo Vega, Rebecca Jones, Rosa María Bianchi, Lilia Aragón, Carmen Montejo e Humberto Elizondo nos papéis principais.
O maior segredo de Cuna de Lobos/Ambição ter sido um grande fenômeno foi a fusão de uma história inovadora recheada de suspense com um clássico clichê da mãe que tenta recuperar seu filho com pitadas de romance. Não tinha como dar erro; além disso, outros elementos fizeram composição para tornar esse folhetim no que é hoje, como a grande vilã Catalina Creel, uma serial killer, chique, culta, com um visual gótico e característico (seu tapa olho, por exemplo), o ótimo e criativo texto com o uso de muito de sarcasmo e palavras bem selecionadas que foram conveniente para a qualidade da história, as atuações e sincronia perfeita do elenco, além do ritmo ágil e o thriller presente o tempo todo — valendo instrumentais fortes e exclusivos para suspense e cenas melancólicas.
Maria Rubio dispensa apresentações: sua Catalina Creel deitou e rolou em cena com uma atuação magnífica e uma presença cênica mais que marcante, além de deter o posto de melhor vilã da teledramaturgia mexicana; no entanto, quem também se destacou foi Diana Bracho, considerada por muitos também uma das melhores mocinhas dos folhetins da Televisa, apesar da desvalorização, sua Leonora era a única personagem capaz de enfrentar a grande antagonista da história. Outra que fez uma excelente performance foi a Rebecca Jones como a anti-heroína Vilma, uma mulher dúbia, triste, infeliz, ela causou os mais mistos sentimentos nos telespectadores, pois era uma personagem cheia de camadas e nuances; Alejandro Camacho fez uma atuação contida com o seu vilão, e filho da Catalina Creel, Alexandre, no entanto, entregou quando tinha que entregar e foi fundamental para o enredo, bem como o mocinho José Carlos (Gonzalo Vega), que desempenhou o personagem mais "fraco" da trama principal mas que fez muito bonito nos momentos necessários. Se destacaram também nos núcleos secundários: Rosa María Bianchi (como a secretária Bertha) Lilia Aragón (a enfermeira sinistra contratada por Catalina e Alexandre), Carmen Montejo (madrinha bondosa de Leonora) e Humberto Elizondo (o inspetor que investiga os crimes da trama)
Indo para a ala dos bastidores, um fato muito curioso é que os roteiristas da novela riam/se divertiam quando escreviam as cenas de assassinato. Estranho, não? A trilha sonora foi completamente compostas por instrumentais fortes (inclusive na abertura) que serviram muito nas cenas de suspense e tensão, além da forte melancolia contida neles. No prêmio TYyNovelas, Cuna de Lobos recebeu 12 indicações e venceu 10, não precisando nem dizer que Maria Rubio pegou a maioria (risos).
Ganhou um reboot em formato de série produzida pela própria televisa, através do projeto Fabrica de Sueños (que resgata grandes clássicos da emissora e os adaptam em forma de seriados curtos) em 2019, com título homônimos. O papel da grande vilã ficou a cargo de Paz Vega, que obteve um excelente desempenho com uma Catalina Creel mais sensual e female fatal, apesar de ter dividido opiniões.
A trama foi exibida originalmente entre os anos 1986 e 1987 no México. No Brasil, 1991 a 1992, sendo reprisada 5 meses depois. Por ter sido um sucesso mediano e tido apenas uma reprise, além de pouca valorização, Ambição não conseguiu se tornar um clássico no nosso país, o que não apaga o carinho dos noveleiros que assistiu a essa grande obra
Opinião do Leo (Ex-Catalina, user do Disqus):
O que vem a vossas cabeças - especificamente pra quem assistiu - quando ouçamos o título "Cuna de Lobos"? A mente, no automático, já associa o título a uma novela forte, impactante e de "nome", representando a nação mexicana.
"Cuna de Lobos" nada mais é que um dos maiores clássicos da Televisa, eleita a melhor novela produzida pela emissora.
A novela possui um elenco de peso para a época, que se entregou de corpo e alma aos seus personagens, e alguns deles, por sua vez, apresentam muitas nuances que instigam o telespectador a acompanhar o desenrolar de suas respectivas evoluções.
O dramaturgo/escritor Carlos Olmos deu o nome na qualidade técnica do enredo, de modo a oferecer uma novela soturna, com instrumentais impactantes e macabros; além disso, deu origem a agilidade, que era muito incomum na época. Escolheu a dedo cada ator para dar vida a esta obra com maestria.
É impossível eu deixar de concluir essa "resenha" sem falar da vilã que teve o poder de controlar a novela. Catalina Creel, eleita a mãe das novelas mexicanas, possui uma qualidade abundante, um figurino considerado medonho para muitos e uma capacidade horripilante para assassinar cada personagem que descobria o seu segredo. Maria Rúbio, que deu a vida a esta grande personagem, foi quem mais se destacou com sua atuação brilhante, e merecidamente é reconhecida até os dias atuais pela sua entrega e pela qualidade da personagem.
Desfecho
No mais, considero Cuna de Lobos/Ambição minha 2ª novela mexicana favorita e a melhor trama do seu país. Vale ressaltar que o que mais me conquistou nela foi a junção de um gênero que gosto muito: o thriller/suspense e de um bom e velho clichê, com uma condução magnífica e uma direção de tirar o chapéu; não foram poupados temas que fizeram parte da obra, como corrupção, depressão e AVC, além de outros elementos que também conquistaram minha pessoa (as atuações e a história, por exemplo). Para quem não assistiu, recomendo bastante.
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