A primeira novela exibida no Brasil e no mundo foi exibida pela TV TUPI, no ano de 1951. Com o título de Sua Vida Me Pertence, foi escrita por Walter Forster e exibida às terças e quintas, ao vivo. De lá pra cá, muita coisa mudou e o gênero telenovela se consagrou como o produto de maior audiência e apelo da tv brasileira.
Algumas tramas agradam e se tornam grandes sucessos de audiência e/ou crítica, já outras tomam o caminho contrário, frustrando os telespectadores e fracassando no principal objetivo do gênero, que é entreter o público. Travessia, de Glória Perez, é um dos principais exemplos.
Travessia marca o retorno de Glória, 5 anos após escrever sua última novela, intitulada A Força Do Querer, um grande sucesso de audiência e crítica. Cercada de especulações e altas expectativas por parte do público, geradas pela ótima aceitação do trabalho anterior, a trama fracassou e não agradou.
Nas redes sociais facilmente se encontram diversas críticas ao enredo e andamento da novela, sem contar a baixíssima audiência acumulada até o momento. Com 23.12 pontos de audiência, Travessia só deu mais audiência que Um Lugar Ao Sol, maior fracasso da história das novelas das 21:00. Diante de todos esses fatos, podemos perceber que a novela não entregou nada do que se propunha, apresentando diversos erros que não são corrigidos como deveriam.
Listo aqui os principais motivos que contribuíram para esse fracasso retumbante:
HISTÓRIA DESINTERESSANTE
"Escrita por Glória Perez e com direção artística de Mauro Mendonça Filho, a novela vai contar a história de Brisa. A personagem de Lucy Alves verá sua vida virar de cabeça para baixo ao ser vítima de uma deepfake. "
A sinopse indicava um enredo original e com capacidade de gerar boa aceitação. No entanto, com o baixo número de telespectadores e rejeição por parte do público, a história caminhou para um lado totalmente diferente. Se antes esperávamos acompanhar a eletrizante jornada de Brisa, rumo a conquistar sua vida de volta, agora estamos vendo uma trama que gira basicamente em torno da briga pela guarda de um filho.
O enredo central, a deep fake usada contra Brisa foi abordado de maneira leiga, colocando a autoria do crime nas mãos de um adolescente, com uma motivação totalmente sem coerência. A ideia que passa é que a autora não soube trabalhar um assunto tão complexo, deixando diversas brechas e incoerências.
Nos demais personagens também não conseguimos encontrar histórias interessantes e que gerem interesse suficiente para acompanhar diariamente o desenrolar de suas trajetórias. Podemos citar como bons momentos apenas os que contém o casal Brisa e Oto, que exalam química e poderiam ser melhor usados.
DIREÇÃO EQUIVOCADA
Mauro Mendonça Filho ficou com a missão de dirigir a trama de Glória Perez. O diretor tem uma ótima experiência na área, sendo elogiado em diversos trabalhos. No entanto, Mauro quis ousar na história e adotou uma direção que em nada combina com o estilo de escrever da autora, que é mais popular, ao contrário do resultado entregue por ele.
No seu trabalho anterior, na novela O Outro Lado Do Paraíso, Mendonça conseguiu melhorar o texto de Walcyr, aliando um texto muito didático com uma direção que escondia esse detalhe. Já em travessia, aconteceu o contrário e o texto não casou com as escolhas feitas por ele, que utiliza diversos efeitos de imagem e som que ficam desconexos em relação ao que se esperam de uma telenovela.
AUSÊNCIA DE UM FORTE VILÃO
Um elemento muito apreciado nas novelas é o vilão, que muitas vezes é capaz de roubar pra si até mesmo o protagonismo da trama. Em Travessia, isso está faltando. Inicialmente foi projetado que a situação da deep fake contra Brisa seria a responsável por conduzir e gerar os conflitos e dramas decorrentes na vida dos personagens. No entanto, ao tirar esse elemento da novela e mudar o rumo da história, ficou faltando esse vilão, que poderia ajudar e movimentar o rumo dos personagens.
Glória Perez até que tentou transformar Moretti em vilão, colocando nele atitudes e uma personalidade que no início da novela o mesmo não possuía, mas o personagem não ficou bom a ponto de ser considerado um vilão, ficando somente na expectativa.
EFEITO PANTANAL
Em 2012, chegava ao fim uma das novelas mais cultuadas da história da teledramaturgia brasileira. Avenida Brasil fez história e foi substituída por Salve Jorge, de Glória Perez, que ficou com a missão de manter a boa audiência e repercussão. No entanto, substituir um grande sucesso tem suas dificuldades, e uma delas é conseguir manter os índices de audiência, coisa que Salve Jorge não conseguiu.
Com Travessia, Glória parece estar passando pelo mesmo que passou há mais de 10 anos, substituindo mais uma vez um grande fenômeno e fracassando novamente. Pantanal foi uma novela muito exitosa e que ostentava diversas qualidades apreciadas por seus telespectadores. Com o fim da trama, as pessoas se sentiram órfãs do folhetim e não conseguiram achar na substituta qualidades suficientes que os fizessem acompanhá-la, fato que fez diversas dessas pessoas desligar a tv ou procurar outros conteúdos.
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