A espera de um milagre - resenha

Tang
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Esse livro não me prendeu de imediato, tive certa dificuldade em me apegar a história e aos personagens. Eram muitos nomes e sobrenomes para memorizar, então constantemente eu estava confundindo os guardas da penitenciária – e também os condenados. Mas, felizmente essa confusão não durou muito tempo, já no segundo capítulo alcancei uma boa imersão e pude aproveitar essa história da maneira correta, e proveitosa.

Os dois primeiros capítulos são bastante introdutórios, o autor apresentará a penitenciária de Cold Mountain e o corredor da morte  - lugar onde os condenados a morte na cadeira elétrica fazem seu último percurso em vida -, e no centro dessa história nos temos John Coffey, um negro enorme, acusado de estuprar e assassinar duas garotinhas no interior do país. Essa história será contada pelo ponto de vista de Paul Edgecombe, um dos guardas da penitenciária, homem que teria uma forte conexão com Coffey; criou-se uma grande amizade entre eles, pois a inocência e pureza de Coffey impressionou John, e o fez duvidar se aquele homem realmente merecia ser morto na velha fagulha (a cadeira elétrica da penitenciária).

Não demora para que Paul comece a suspeitar que John não é o verdadeiro autor daquele crime bárbaro. E, diante dessa suspeita, ele seria capaz de conduzir Coffey para sua condenação na cadeira elétrica? (...)

Foi uma excelente leitura.

Os capítulos eram escritos e publicados em tempo real, sendo eles uma experiência feita pelo autor para descobrir se conseguiria escrever e finalizar uma história nessas condições. Tudo deu muito certo e A Espera de um Milagre acabou sendo um dos grandes acertos do autor, sucesso de público e crítica, sendo publicado em volume único, posteriormente. 

Há sempre uma introdução no início de cada capítulo, dando um resumo do que havia acontecido no capítulo anterior. Outra característica interessante são os ganchos que o autor colocou ao final de cada história, incitando o leitor a ler o próximo capítulo o mais depressa possível, para saber o que aconteceria depois.

Dito anteriormente, os primeiros capítulos são bastante introdutórios, lentos e monótonos, o autor apresenta a história nos mínimos detalhes, isso fez com que minha leitura não fosse tão fluida quanto eu gostaria. Mas a partir do terceiro capítulo, intitulado "A terrível morte de Eduard Delacroix", eu fiquei agarrado a história, foi tenso e repugnante, um tremendo salto de qualidade narrativa em relação aos dois capítulos anteriores, finalmente a história pegou ritmo e ficou excelente. Eu passei a amar esse livro, e tomei a decisão de lhe dar cinco estrelas. 

Esse é, sem dúvidas, um clássico do autor.

Coffey é um personagem emocionante, muito bem construído, carismático e misterioso, ele é um homem de poucas palavras, mas é inegável que em sua cabeça sempre há muito barulho, muita informação. 

Se analisarmos o universo de Stephen king, e o mundo traçado por ele, onde se passam todas as suas histórias, – o que faz com que elas estejam conectadas – saberemos que John Coffey é um homem iluminado • ver "O Iluminado" (1977). Os iluminados são pessoas que nascem com algumas habilidades especiais; normalmente são poderes telepáticos, alguns são sensitivos ou paranormais, outros nascem com a telecinesia ou a capacidade de ler mentes ou invadir e manipular os pensamentos de outras pessoas.

A iluminação de Coffey é muito semelhante às habilidades de um curandeiro, ela o permite sugar a doença dos corpos das pessoas e a expelir para fora, matando-a. Ele também é capaz de sentir a dor e a tristeza que outras pessoas estão sentindo, e muito provavelmente, também seria capaz de expelir para fora esses sentimentos negativos, matando qualquer tipo depressão, se realmente quisesse fazer isso.

Stephen king brinca com a fantasia de sua obra como uma criança brinca com seu brinquedo, acho excelente a forma como ele vai trabalhando com o fantástico, e conduzindo sua história explorando as muitas possibilidades que a fantasia lhe oferece. É uma excelente história, perfeita para ser lida antes de dormir, debaixo das cobertas, combina com o frio e a noite. 

Essa história vai discutir racismo, algumas controvérsias da condenação de morte na cadeira elétrica. Deus e a fé. É uma obra completa em muitos sentidos, escrita de maneira exímia, brilhante e com muita inspiração, que só o Stephen king pode nos oferecer.





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