É um romance extenso. Com muito conteúdo para ser explorado e debatido. Tanto é verdade que até hoje os fãs discutem e criam teorias sobre o desenvolvimento da história e personagens. Sem dúvidas, é um grande trabalho do King.
Livro 1 – Capitão Viajante;
É uma obra grande, são 1248 páginas de pura fantasia alegórica. A estória foi dividida em três partes, sendo essa a primeira; aqui, nós vemos que um vírus de gripe, extremamente mortal e contagiante, escapou por acidente de uma base militar e em pouco tempo mataria 99,9% da população mundial.
O vírus de gripe, que viria a ser conhecido popularmente como "Capitão Viajante" foi criado em um centro de estudos de doenças para ser usado como arma biológica (em uma possível Terceira Guerra Mundial, talvez) mas acontece um terrível acidente, possivelmente alguém cometeu um erro grave o vírus escapou, matando todos os funcionários do laboratório.
O alerta de segurança foi acionado e o lugar é colocado em quarentena, mas a super-gripe foi disseminada quando um dos soldados percebeu que havia algo de muito errado acontecendo e comsegue fugir do local levando toda sua familia. Ele acabou contaminando outras pessoas que mantiveram contato com ele durante essa fuga.
Sendo um vírus super contagioso, agora não tinha mais escapatória, a Capitão Viajante já estava no ar, e em pouco tempo causaria a morte de grande parte da metade da população mundial.
Há quem ache essa primeira esse início lento, monótono, ou não tão interessante quanto a parte 2 e 3 do livro, mas eu penso justamente o contrário, essa é a minha favorita, pois acho super interessante a forma que o Stephen King vai descrever a disseminação da Capitão Viajante, começa com o soldado que fugiu com sua família, mesmo sem entender direto o que estava acontecendo; ele vai passando a gripe para aqueles que cruzaram seu caminho. O contágio vai de pessoa para pessoa. Inicialmente é algo mais lento, mas aos poucos a epidemia vai tomando proporções absurdas e logo, o surto de gripe sairia de controle.
É interessante que o Stephen King apresentará um governo negacionista, que não admite a existência de uma epidemia global. Ele tentará acobertar toda e qualquer notícia sobre a super gripe o quanto for possível, a fim de não admitir que os cientistas (militares) americanos cometeram um enorme erro ao tentar criar essa arma biológica.
Vai chegar um momento caótico na história, que é quando a população começa a perceber que todos estão ficando doentes, vítimas de uma misteriosa doença que se pega pelo ar. As pessoas estão morrendo; os militares, a mando de um governo negacionista, matam todos que tentam disseminar a verdade; a população, mesmo doente, sairá nas ruas em protesto, e o caos vai tomando proporções absurdas.
É o ponto alto da história, o livro fica intenso, emocionante, e terrivelmente assustador. Excelente!
Também somos apresentados a alguns protagonistas, eles (e uma pequena parcela da população) são imunes a Capitão viajante. Não pegam a super gripe.
King apresenta uma galeria de personagens interessantes e complexos, cada um vivendo a sua maneira, em meio ao caos causado pelo vírus de gripe.
Frannie Goldsmith é uma universitária que descobre estar grávida de seu atual namorado. Ela não esperava ficar grávida nesse momento de sua vida, e sofrerá um dilema pertinente, ter ou não esse bebê?
Stu Redman é um texano caipira, que foi pego pelos militares americanos após ter contato com um dos infectados. Mas todos ficam surpresos, pois, ele não vai sofrer qualquer tipo de sintoma, Stu, aparentemente, é imune a super gripe.
Nick Andros é um surdo-mudo que se meteu numa briga de bar e foi espancado por uma gangue de valentões bêbados. Ele foi levado até a delegacia e com a ajuda do delegado conseguiu prender seus agressores. Mas, com o surto de gripe acontecendo lá fora e os novos presos apresentarem estar contaminados, Nick sofrerá um terrível dilema, deixar que eles saiam na tentativa de fugir da super gripe, ou manter eles presos, para morrerem na prisão?
King constrói um enredo rico em detalhes, seus protagonistas são incríveis e ganham nossos corações rapidamente. Nos importamos com eles e torcemos para que nada de ruim aconteça-lhes - mas, nem sempre somos atendidos.
Larry nunca foi um cara legal, ele se considera arrogante, egoísta e uma pilha de nervos. Mas ele aproveitará o "admirável mundo novo", ou seja, essa sociedade pós apocalíptica, para mudar esse conceito sobre si mesmo, mas, claro, não será nada fácil.
Lloyd foi preso acusado de furto e assassinato. Ele se vê numa situação completamente agonizante, quando todos os presos e funcionários da prisão morrem e ele fica sozinho - sem água ou comida - para morrer naquela cela de prisão.
O homem da lata de lixo é um incendiário, cheio de traumas e marcas de uma vida que nunca foi fácil. Ele aproveita o fim do mundo, e a morte da civilização, para incendiar tudo a sua volta.
Livro 2 – A Fronteira;
Muitas pessoas morreram. E os poucos que restaram ficam perdidos, sem saber que rumo tomar. Haverá uma divisão na nova sociedade, que será estabelecida por dois poderosos seres, Mãe Abagail e Rendall Flagg
Mãe Abagail é uma velha senhora de 108 anos, que foi designada por Deus para juntar parte dos sobreviventes e leva-los em segurança para o Leste, pois existe uma força maligna ameaçando a vida das pessoas e eles precisam correr contra o tempo para encontrar um lugar bom e seguro que possa servir de abrigo e morada aos que sobreviveram a super gripe; esse lugar é uma cidadezinha localizada em Boulder, Colorado, uma nova sociedade democrática foi instaurada ali, e fica conhecida como Zona Franca.
Rendall Flagg, conhecido como "homem escuro", também estará recrutando alguns sobreviventes, mas, diferente de mãe Abagail, que é bondosa e está chamando as pessoas boas e honestas que restaram, Flagg está chamando as piores pessoas da sociedade, aqueles que sobreviveram a super gripe, mas que não são boas pessoas. Ele é o mal encarnado, e quer estabelecer uma sociedade autoritária, bem semelhante a uma ditadura, tendo como seguidores toda a escória que reside na terra.
Mãe Abagail é uma mulher iluminada, é usando sua capacidade de falar com Deus (e ser respondida por ele) que ela tentará lutar com todas as forças para que o pior não aconteça. Rendall Flagg é um ser maligno e representa as forças do mal. Ele é o oposto de Deus (mas não é o diabo), e usará seu poder de persuasão para enganar alguns residentes da Zona Franca, e traze-los pro seu lado, num terrível ato de traição.
Esse segundo livro é muito bem desenvolvido. Nós teremos vários personagens vivendo dilemas sociais e morais tão reais que conseguem fazer o leitor parar para refletir; não existe uma pessoa que é apenas boa, e que teoricamente seguiria mãe Abagail, essa pessoa também tem um lado maligno, uma parte maldosa que faz parte de seu caráter, e é isso que Rendall Flagg usará para persuadir os personagens.
É uma discussão bastante pertinente, alguns irão ao encontro de Flagg simplesmente por serem maus, ou apenas por não se sentirem aceitos na Zona Franca, por serem estranhos, esquisitos e rejeitados, os motivos são diversos; outros irão ao encontro de mãe Abagail, por estarem solitários, por estarem buscando segurança, conforto e amor.
E também existem aqueles que estarão no meio, nem pendendo para um lado, e nem para o outro. São capazes de tomar decisões ruins na vida, mas isso não significa que são pessoas de todo ruins. Estão presos nessa linha tênue entre o bem e o mal.
Os personagens são complexos e viverão esses dilemas.
Rendall Flagg usará dessas fraquezas e dúvidas de caráter para enganar alguns personagens. Fazê-los agir conforme a sua vontade. A consequência disso é uma enorme tragédia na zona Franca. É quando as pessoas que estão ao lado de mãe Abagail finalmente começam a agir contra o homem escuro, antes que ele os destrua por completo. O plano é enviar três espiões para o Oeste, para descobrir o que Flagg está fazendo além das montanhas, e o que ele está planejando fazer contra os residentes da Zona Franca.
Esse é um ponto forte da história e nos levará direto para a intensa batalha final.
Parte 3 – A Dança da Morte;
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