Ao longo dos anos houveram muitas críticas direcionadas ao autor Stephen king relacionadas a falta de empoderamento feminino em seus livros. Suas personagens, que apesar de serem bastante fortes e inteligentes, eram submetidas a serem meras coadjuvantes, em detrimento do desenvolvimento dos personagens masculinos; que normalmente recebiam todas as atenções e sempre tinham a tão almejada "jornada do herói". Ou seja, os homens sempre salvavam o dia, enquanto as mulheres só estavam ali para parabenizá-los e satisfazer suas vontades.
Diante de todas essas críticas, o autor começou a dar mais atenção a suas personagens femininas, e percebeu que, de fato, seu modo de trabalhar com as mulheres era bastante problemático. Em seu texto, por muitas vezes havia um tom exagerado de sexualização direcionado as mulheres; um bom exemplo é a tão falada cena de sexo no livro "IT – A Coisa (1986)", onde nossa única personagem feminina, ainda criança, vai transar com os outros seis personagens principais do livro, nos esgotos da cidade.
Sabendo dessa problemática, e disposto a mudar essa questão em suas histórias, SK passou a trabalhar com protagonistas mais fortes e empoderadas, e a discutir fortemente a questão do machismo na sociedade atual. Mas claro, sem abandonar o estilo clássico do terror que os leitores tanto gostam.
As coisas dão muito errado quando Gerald sofre um ataque do coração e acaba morrendo antes de tirar as algemas de Jessie. Agora, presa na cama, e sendo atormentada por seus traumas mais profundos, Jessie precisa encontrar um jeito de libertar-se daquelas algemas; será uma luta tanto física quanto psicologicamente.
Esse livro discute os piores traumas que uma mulher pode passar na vida, para ser mais exato, são traumas sexuais.''
Agora, presa no quarto, Jessie passa a ter algumas alucinações que, aos poucos, começam a manifestar-se em sua cabeça. Traços de sua personalidade tomam formato e começam a incomodar nossa protagonista. São vozes que possuem certas características que compõem quem de fato seria Jessie Burlingame. Nós temos a voz da ''esposinha perfeita'', uma versão mais centrada e submissa de Jessie. Aquela que sempre abaixa a cabeça e concorda em fazer as vontades de seu marido, para evitar maiores conflitos; temos também a voz de Rute Neary (ex colega de quarto de Jessie) que seria sua versão feminista e empoderada, mas que ficou durante anos adormecia em sua cabeça, e agora, devido a essa situação inusitada, passou a falar com Jessie, buscando ajudá-la a se libertar dessas algemas.
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