Entre Lobos e Serpentes Episódio 2 - A Bruxa do sono

Fofão
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Pedrinho estava tentando dormir. Ele tinha o sono profundo e poucas coisas o faziam acordar durante a noite. 

Mas naquele dia algo estava errado; ele não conseguia pregar o olho, pois estava ouvindo o uivar de lobos em seu armário, como se tivesse uma alcateia ali dentro, por duas vezes ele levantou para olhar o que havia lá, mas não havia nada, ele provavelmente estava imaginando aquilo, ou sonhando acordado. 

Ele então voltava para a cama e novamente tentava dormir.

Outro barulho o fez acordar. Mas dessa vez não eram os lobos em seu armário, e sim um barulho de serpentes embaixo de sua cama - o arrastar de seus corpos, e o famigerado "ssssss" que as cobras fazem quando estão em grupo - tudo isso ele podia a ouvir em alto e bom som. 

As cobras estavam bem abaixo de seus pés (mas será que estavam mesmo?)

Assim como fez anteriormente, ele se levantou e foi verificar, e novamente não havia nada embaixo de sua cama. Nada de cobras, lobos, ou monstros do armário. Pedrinho achou que podia estar sonhando, ou num estranho estado de sonambulismo. 

De qualquer forma, ele não ficou assustado, coisas estranhas acontecem no sítio ocasionalmente, o que você tem que fazer é ignorar, e voltar a dormir.

Pedrinho se deitou, mesmo sentindo que algo estava muito errado, e que havia uma presença negativa em seu quarto. Ele se deitou, e fechou os olhos para dormir. 

A bruxa do sono - cuca, para os mais íntimos - era uma coisa-jacaré, um réptil enorme, humanoide, que estava ali fazendo uma visita noturna ao menino, que jazia em sua cama, tentando dormir. Mas a coisa-jacaré não estava permitindo que ele dormisse, os lobos no armário, e as cobras embaixo da cama eram só uma ilusão, e foi ela quem os colocou ali, para perturbar o menino e impedir que ele tenha uma boa noite de sono.

Ela estava num canto escuro do quarto, entre uma parede e outra, se escondendo, camuflando sua presença. O menino não podia vê-la até que chegasse a hora do beijo. O beijo do sono, que o faria dormir para sempre. 

A bruxa estava fazendo o menino ter pesadelos, mas ele não estava dormindo, nem estava sonâmbulo, ele estava acordado. E quando nós tempos pesadelos nessas circunstâncias a nossa sanidade fica comprometida, e a mente entra em colapso.

Quando estamos dormindo e temos um pesadelo, nossa mente possui um sistema de defesa que nos faz acordar e escapar do martírio. Mas a bruxa tinha o poder de inverter esse sistema, ela o fazia ter pesadelos ainda acordado, então o cérebro do menino entraria em lapso e ele teria um desmaio. Nesse momento a bruxa daria o beijo do sono, e ele dormiria para sempre. 

A bruxa-jacaré se arrastou pelos cantos furtivamente e entrou no armário, isso sem fazer o menor barulho. Seu trabalho estava quase completo e estava na hora de encerrar suas atividades naquele quarto. 

Os lobos voltaram a uivar no armário - onde a bruxa-jacaré estava a espera do menino - mas dessa vez as cobras ficaram em silêncio. Eles uivam bem alto dessa vez, despertando o menino de seu quase-sono. Dessa vez Pedrinho estava irritado - e assustado - ele soube nesse momento que tinha sim algo dentro do armário.

A Bruxa-jacaré o aguardava com ansiedade. Quando o menino abrisse o armário ele a veria em sua forma verdadeira, uma coisa que não era humana e nem mesmo jacaré, era uma mistura das duas coisas. Seu cérebro teria um choque e a bruxa o faria dormir para sempre, bastava apenas que ele abrisse a porta do armário e olhasse nos olhos da dela.

Padrinho andava em direção ao armário - ainda ouvindo os lobos uivando "auuuuu" - algo estava acontecendo ali, sim, - e ele descobrirá que droga é aquela.

Ele segurou a maçaneta e puxou, de início ele viu apenas suas roupas e alguns brinquedos, mas após dois segundos ele a enxergou, ele contemplou a bruxa parada bem na sua frente. Ela não era um lobo que uivava, era uma mulher jacaré! E ela o estava encarando com aqueles olhos profundos cheios de morte e magia. 

Houve um choque e o menino caiu no chão - como a bruxa sabia que aconteceria - ele estava desmantelado, desmaiado, mas ainda não estava morto. 

Chegou a hora de dar o beijo do sono; o beijo que o faria dormir para sempre. O beijo que o faria viver nos olhos da bruxa, até que não restasse mais nada de seu espírito.

Nesse momento os lobos uivam como nunca, e as cobras sibilavam o "sssssss" embaixo da casa.

A Bruxa-jacaré se curvou em direção ao menino, acariciou seus cabelos, e tocou seus lábios com o beijo do sono.

Pedrinho se foi.

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