Esquizo Friend

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Esquizo Friend - Por Ragnar


21 de julho de 2001, 01:08 da manhã, o silêncio predominava em meio a madrugada escura e chuvosa, exceto é claro, pelo ressoar das gotículas de água que chocavam-se contra o vidro transparente da janela do segundo andar. Não havia sono em mim enquanto deitava em meu quarto, apesar do cansaço evidente pelas olheiras que tomavam a vida de minha face. Um dia puxado de trabalho havia se passado. No dia seguinte, graças a Deus seria sábado, folga, onde poderia deixar de lado por um tempo o rosto seboso do encarregado e gerente Colin. Não que eu detestasse o sujeito. Porém, sua personalidade frívola e descompromissada, muitas vezes fizera-me questionar: Como aquele desgraçado chegou a essa posição? E ele sempre estava atrasado ou ocupado com a estagiária no quartinho de arquivos. Todos fingiam não saber é claro, mas até uma calcinha esquecida foi deixada outro dia no local.


- Tsc.. - Por um momento deitado em minha cama, me virei de lado, tentando ignorar o som das gotas que batiam contra a janela em meio a meus pensamentos caóticos e desorganizados. O que foi completamente inútil, pois, um som grave, como uma discussão havia iniciado. 


"Provavelmente apenas dois bebuns. Que merda, sempre tem um creetino pra incomodar." - Praguejei em pensamento, afinal mesmo com insônia, tanto barulho era incomodo demais e piorava a situação. Contudo, algo mudou. Havia um pedido de socorro. Era a voz de uma mulher, novamente e novamente. Ecoou por fim sua voz pela imensidão da escuridão. Impaciente me ergui do colchão. Dei alguns passos, inclinando-me frente ao vidro, tentando ver algo através do objeto transparente embaçado pelo frio. Semicerrando meus olhos, forçando a visão, percebi que havia uma mulher caída e o que parecia ser, um homem a enforcando mantendo-a de costas na calçada. 


"Ajude-a. Não, o que eu estou pensando? Não é problema meu. Deixe pra lá. São só dois namorados brigando, no fim ficará tudo bem e eu não sou herói." - Observei em silêncio. Até que o homem parou. Se levantou e saiu andando. A garota não se mexeu, ela ficou lá parada, deitada e estirada contra o asfalto. Não percebi o momento exato, nem quando começou, mas meu coração se acelerou. Instantaneamente um nó na garganta se formou, deixando-me desconfortável. 


- Ela...está morta? - Falei em um tom quase inaudível como se custasse acreditar no que havia proferido. Desferi alguns passos para trás e me sentei no colchão, precisava me acalmar. Estava ansioso e entrando em choque. Em um lapso momentâneo, fui em direção ao armário, peguei um casaco com capuz, um guarda chuva, caminhei em direção a porta indo pelo corredor até chegar a sala onde procurei pelos meus calçados. - Droga, onde está...quando eu preciso? - Assim que avistei, sem demora encaixei nos meus pés, destranquei a porta da sala disparando pelo corredor, me atrapalhando e quase tropeçando nos meus próprios pés descendo as escadas. Ao sair pela porta principal, pude sentir o hálito gélido da chuva da noite chocar contra a minha face, causando um arrepio sob minha pele. O corpo era visível a uns 10 metros, destacando-se em meio a penumbra. Corri até lá, me protegendo da chuva como podia, embora boa parte do tecido da calça já estava encharcado. 


- Hey, você. Oh garota... - Chamei por ela, mas não respondeu. Quando me aproximei e toquei em seu corpo, ainda pude sentir o calor. Mas ela não respirava. Como isso era possível? Sem nenhuma demora, me posicionei próximo dela. Colocando ambas as mãos em seu tórax, fazendo em seguida massagem cardíaca. - Vamos desgraçada, acorda logo. - Eu não sabia o que dizer e estava começando a me desesperar. Aproximei os meus lábios dos dela e o ar uma vez em meus pulmões preencheram os dela, mais uma massagem cardíaca. E...



Ela não reagiu. A garota estava morta. Sem pulsação, sem respiração. Nada. Não havia mais o que fazer por ela. Voltei para casa, acionei a polícia, apenas esperando o procedimento padrão. Dei meu depoimento e no dia seguinte, lá estava a noticia de sua morte no jornal local vendido na padaria por 25 centavos. Marie Levine, 23 anos, encontrada morta por asfixia. 


Olheiras abaixo dos meus olhos, eram mais perceptíveis, não havia dormido naquela madrugada trágica e dolorosa e minha cabeça doía muito. Voltando pra casa com pão e outras iguarias, não pude evitar de avistar o local em que na noite passada ela estivera caída. 


"Talvez..eu poderia ter evitado que ela morresse. Agora é tarde demais." - Lamentei em silêncio entrando novamente em casa subindo as escadas ajeitando o café da manhã. Coloquei os produtos na mesa, fui em direção ao banheiro, precisava de um banho, esfriar a cabeça. Me despi jogando as roupas de qualquer maneira e entrei embaixo da água que caia do chuveiro, sentindo o calor e o vapor relaxando meu corpo. Era tudo que eu precisava naquele momento. Contudo, um som estranho novamente me chamou a atenção. Fechei o chuveiro, abri o box e enrolei a toalha a altura da cintura. Saí com passos vagarosos e com cuidado. Ainda molhando o chão por não ter enxugado propriamente. Para minha total surpresa. Lá estava Marie Levine, de pé, olhando pra mim, uma garota que havia acabado de morrer. Ela me encarava com um olhar sem expressão.


"Por favor Deus, me ajude." - Foi tudo que consegui pensar, antes da garota dar um passo apontando na minha direção, esticando seu indicador direito quase a ponto de tocar na ponta do meu nariz. - Você...- Ela não concluiu. Ou melhor, não esperei ela concluir. Corri me trancando no quarto, vesti a roupa o mais rápido que pude e fugi pela escada de incêndio. Meu coração estava muito acelerado e tudo que eu conseguia pensar, era em sair dali pois senti que ela estava a me culpar. Caminhei até que meus pés doessem. Mas ainda sim, não estava totalmente tranquilo, ainda podia ouvir a voz dela a me chamar. Fui ao psiquiatra mais próximo em busca de uma consulta, mas para minha surpresa, não haviam horários disponíveis. Havia gente maluca demais nesta cidade pelo que parecia.


Este foi o primeiro dia em que ela surgiu. Levei cerca de quatro dias até me acostumar com sua presença na minha casa. Era assustador e ao mesmo tempo, um incomodo. Ela mal conseguia falar, se pronunciar, tudo que ela tentava fazer era se aproximar de mim. E eu a evitava pois estava aterrorizado demais para deixar que isso acontecesse, com medo de que a culpa que ela provavelmente colocava em mim, pudesse ser o estopim para algo pior. Duvidando da minha própria sanidade, busquei por remédios, mas nada adiantou. Me consultei com uma cigana, uma cartomante online, que me recomendaram fazer mandingas poderosas contra espíritos, que também resultaram em um terrível fracasso. Sem aguentar mais aquela situação e nem mesmo dormir, sai rumo a uma nova clínica na cidade vizinha. Era vida ou morte. Porém, ao chegar descobri que o Dr. Pine, responsável pela consulta estava a atender a domicílio naquele dia. 


- Por que é tão difícil receber ajuda? - Murmurei comigo mesmo enquanto caminhava todo o trajeto em direção a casa do médico. O que era irônico, já que toda aquela situação, se devia ao fato da minha recusa em ajudar um outro alguém. Começava a escurecer e as nuvens pesadas no céu se acumulavam no horizonte. Frente ao endereço residencial, vi que o Dr. saíra acompanhado indo em direção a um bar. Uma forte chuva teve inicio obrigando-me a tomar refúgio, assim me escondi em uma loja de conveniências qualquer, esperando o temporal passar. Uma hora se foi, duas, três, no noticiário, algumas noticias sobre enchentes em alguns lugares e força tarefa e resgate em atividade, a cidade vivia uma noite de caos. Escorado em um canto, cochilei por um momento sem mesmo perceber o momento exato. Finalmente quando o temporal enfraqueceu despertei com o som alto da tv, podendo ver através da vitrine o sorriso e o olhar de uma linda garota que passava. Acenei pra ela, que tímida saiu seguindo seu rumo. Para minha surpresa, o Dr. passou logo em seguida. Fui em direção a saída, eu precisava de ajuda, não podia mais esperar e ele estava partindo, era minha chance de conseguir. 


- Dr...Por favor.. - Pausei, pois o que vi não podia imaginar, o Dr. atacando uma pessoa bem ali na calçada, com o brilho do neon das placas e vitrines refletidos pelas poças d’água. Pesadas gotas de chuva caia sobre nós. Meu coração acelerou, corri na sua direção, sentindo a minha calça encharcar-se pela água acumulada ao solo a respingar. "Depressa!" - Ele a estava matando. Fui o mais rápido que pude, jogando o meu corpo contra o dele, o empurrei. Para minha surpresa. A garota que estava a ser atacada, era idêntica a Marie Levine. - Obrigado, obrigado. - Ela disse enquanto mantinha dificuldade para arfar o ar em seus pulmões e a face avermelhada, suas mãos que se apoiaram em mim, estavam gélidas. Era a garota da vitrine, a companhia do Dr. psiquiatra. Mas isso era impossível. Marie Levine, havia morrido dias antes.


Sem conseguir compreender o que estava acontecendo, senti um ponto de calor surgir nas minhas costas, seguido de um som muito alto. Era o disparo de uma arma de fogo. Eu havia sido baleado. Cai em meio a calçada. Marie Levine ou o que parecia sua cópia, começou a chorar em desespero. O Dr., correu, fugindo e deixando-a para trás. Pude ouvir ainda sua voz chamando a ambulância no celular. Mechas enegrecidas caiam por sobre minha face repleta de gotas de chuva, minha pele esfriava, e eu sabia que estava morrendo. - Eu consegui. Eu salvei você...Marie - Pude dizer antes que minha visão se dissipasse por completo em total escuridão.


Um ponto gélido na ponta do meu nariz, o que era isso? O toque da morte? E ouvi sua voz, a voz que eu já ouvira outra vez. - Você...você...é o meu herói.- Era Marie Levine e seu indicador, tocava-me, não como a figura de uma morta que tentava proferir palavras confusas, como a visão em minha casa, mas viva e bem. Radiante e feliz, diante dos meus olhos.


Meses depois descobri que tudo que havia visto naquela noite de insônia, tinha sido um delírio esquizofrênico, algo agravado pela minha insônia, não havia nenhum registro de boletim, nenhum jornal com Marie Levine, nada, apenas obra da desordem mental a que fui diagnosticado. Fui entupido de remédios, tive de frequentar seções e seções de terapia. Mas, esta era a explicação cientifica, coisa de nerd e doutores com seus currículos pomposos que acreditavam apenas no que seus olhos podiam ver, o que era bem limitado por sinal, já que meus olhos, podiam ver ainda mais. No fundo, sabia que eu havia avistado o futuro, que tinha conseguido salvar Marie, que ao saber de toda a minha história, reparou que eu já sabia o seu nome, acreditando na minha palavra. Esta que por obra do destino, era também fisioterapeuta. E me ajudou no pós recuperação. Conheci melhor sua história, que o Dr. Pine "Levine" era seu irmão e que lhe devia 200 mil, era um viciado em jogos de azar realizando apostas. Agora, estava preso por dupla tentativa de homicídio. Deixei o trabalho no banco, me envolvi com Marie, que ganhou também o meu sobrenome e um anel. Me dediquei a ajudar outras pessoas, uma escolha, uma decisão de cada vez, evitando que vidas se perdessem. Ver o futuro requeria responsabilidade e cuidados, uma vez que poucos realmente eram capazes de compreender. A mente, era frágil e precisava do incentivo correto para se manter em ordem, do contrário me internariam e me entupiriam de remédios outra vez, o que Marie por muitas vezes ajudava a evitar, servindo como minha âncora com a realidade, inclusive minha insônia havia cessado. E assim segui adiante, dia após dia. Até que um evento inesperado aconteceu. Ainda me lembro como se fosse hoje. Por volta das 9 da manhã, estava a perambular pela casa, consertando alguns defeitos no piso de madeira que Marie vivia reclamando. 


"Você precisa consertar aquele piso, ele não para de ranger." - Ela dizia e eu sempre respondia. 


"Eu nem gosto tanto assim de silêncio, dá pra ouvir você chegando." - E ela me olhava com sua expressão irritadiça segurando um sorriso sem jeito, pois ela ficava feliz que eu ainda prestava atenção, quando Marie estava de volta. Nesta manhã em questão, ela não estava presente. Trabalhava em uma sessão de fisioterapia com seus pacientes e eu com insônia, havia virado a noite, fingindo que havia dormido no sofá. Não queria preocupar Marie dizendo que meu problema do sono havia voltado. Então enquanto ajeitava algumas peças de madeira no chão, separando o material, ouvi o som vindo da tv na estante da sala de estar. O que era estranho, pois não me lembrava de ter ligado. Quando ergui a cabeça e olhei, dizia no noticiário que um avião havia se chocado contra um prédio. E logo depois, mais um. Aquilo claramente estava estranho e assustador. O que me fez esquecer completamente do meu afazer. 


- Mas que maluquice é essa? - Indaguei sem esperar por resposta. Apenas não podia acreditar no que meus olhos testemunhavam. 


- Preciso ligar para Marie, tenho que ter certeza que ela está bem. - Sai imediatamente da sala e fui em direção ao quarto, peguei meu celular que estava jogado em um canto qualquer carregando, visualizei sua tela brilhante. 0 mensagens, bateria 100%. Imediatamente busquei pelo contato de Marie na lista. Por fim pressionando para realizar a chamada. Chamou uma, chamou duas, chamou três e caiu na caixa postal. Marie não atendia. Meu coração ficou acelerado, não sabia o por que, mas algo estava mexendo comigo, fazendo com que eu sentisse uma necessidade imensa de ir até ela. E assim o fiz, vestindo meu casaco e um cachecol, saindo rapidamente levando o celular comigo.


Enquanto caminhava pela rua, mexia ao celular, ligando para ela. O que me fez ficar um pouco alheio ao que ocorria ao meu redor. Senti alguém esbarrar em mim, e depois outro e outro. E já estava ficando puto, no esbarrão seguinte, estava pronto para esbravejar e xingar, quando voltei minha face para frente, entrei em absoluto choque, ficando paralisado. A visão de um mar de mortos caminhando pela rua, andando como uma multidão, era como a visão de Marie morta naquele dia. Mas, desta vez, eram centenas de milhares de pessoas, sendo ainda mais assustador. Reuni forças e comecei a correr, passando por entre eles, não havia outra forma. Podia ouvir seus sussurros, suas reclamações, suas lamurias, seus olhares de dor e angústia. E meu coração novamente, sofria um grande aperto com o ar a faltar em meus pulmões enquanto corria. Parei para descansar quando me distanciei o bastante, ainda ofegante. Chegando na clínica de Marie, adentrei o lugar como um louco, e a recepcionista até tentou chamar a minha atenção, mas foi em vão. Invadindo o consultório de Marie, vi seu olhar surpreso, assim como de seu paciente sentados conversando. 


- Marie...Você está bem? - Questionei, para ouvir o que finalmente acalmou meu coração. - Sim, aconteceu alguma coisa? Você está pálido. O que foi?


Finalmente mais calmo, fui em direção ao corredor, escorei minhas costas contra a parede levantando meu rosto para o alto, respirando profundamente. Marie apareceu após me seguir e expliquei tudo a ela. E foi ai que algo inesperado aconteceu. - Não sei do que está falando, olha, na tv não tem nada, não aconteceu nada, viu. Dá pra ver as torres pela janela, olha lá. – Ela apontou em direção a uma enorme vidraça. Realmente, elas estavam lá. Mas havia sido tão real e aquela multidão de pessoas. “Me lembrando bem se fosse como o que ocorreu com Marie...Então era algo que ainda iria ocorrer.”


- Marie eu acho que..- Neste momento fomos interrompidos, alguns pacientes no corredor passavam mal e Marie correu para atender. Quando dei um passo para segui-la. O que antes era o paciente sentado conversando com ela momentos atrás dentro da sala, segurou o meu braço e olhou de forma bastante séria nos meus olhos. 


- Não. Você não pode salvá-los. É o destino deles. Você não pode impedir Marie.  


- O que Marie tem a ver com isso? - Ele então pronunciou algo que eu jamais esqueceria. – Ainda não percebeu? Existem pessoas como você senhor que são como verdadeiros anjos da guarda. E existem pessoas como Marie. Que são como os anjos da morte. -


- Ela é uma médica, não diga bobagens. 


- E ainda sim, todos que são tocados por ela, tem seus destinos traçados pelo ceifeiro. Escolha sr. escolha. Salvar as pessoas ou sua amada. Tic, tac. Você não pode fazer ambos. 


Assustado e impactado, me afastei alguns passos para trás, enquanto a confusão aumentava de proporção com a recepcionista trazendo seguranças até mim. Tudo foi explicado, como uma verdadeira confusão. Voltei para casa com Marie e dias se passaram. Graças a minha invasão do outro dia, tive de dormir de fato no sofá por uns dias, quando ela me perdoou, tivemos uma ótima noite de reconciliação e dormi como um anjo em plumas suaves. Tudo seguia tranquilo e quase havia me esquecido por completo do evento na clínica. Até que em um certo amanhecer do dia 11 de setembro, o que havia visto, se confirmou. As torres foram destruídas. Milhares morreram em um dos atentados mais horríveis na história, um dos homens responsáveis, havia sido ex paciente do hospital onde Marie trabalhava. No meu coração não queria acreditar nas palavras que havia escutado naquele dia. Pois amava Marie com todas as minhas forças. Eu fiz minha escolha e milhares de pessoas morreram. Seria assim o resto da vida? Tendo que escolher a quem salvar? Eu não podia. Não mesmo, pois sempre escolheria Marie a minha anjo da morte. A observei na cozinha preparando algo inocentemente com seu olhar de garota espevitada, enquanto pensamentos e divagações dançavam pelo meu imaginário. Eu ainda poderia ajudar alguns, não todos mas alguns, e mantê-la viva. Descobrindo um meio para que Marie não precisasse tocar mais ninguém além de mim. Eu suportaria e encontraria um meio. Só precisava de tempo e de um bom sono.


Com isso, para alguns eu seria apenas um doente esquizofrênico e insano qualquer, vivendo uma realidade imaginária, para outros, um anjo da guarda. O seu esquizo friend.


Capitulo 01/The end. 

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