A Mosca (1986) - a maior tragedia da ficção cientifica.

Tang
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 ''Chega um momento em nossas vidas, que a gente percebe que temos mais passado do que futuro.''


Conhecido por ser um dos filmes mais impactantes e nojentos do gênero, A Mosca de 1986 é uma obra-prima, profunda e bastante filosófica, ao falar sobre um dos maiores medos que temos em nosso íntimo, principalmente se você for homem. Tudo isso foi apresentado nas entrelinhas, recorrendo a analogias e metáforas, pautando seu enredo em um clássico da literatura que também debateu esse mesmo tema.

O visual impactante apresentado no longa chocou o público da época, tamanho era o realismo dos efeitos especiais utilizado pelo diretor David Cronenberg. Que apostou em peso nos melhores efeitos práticos que a tecnologia oitentista tinha a oferecer; que, por sua vez, envelheceram muito bem e funcionam até hoje, mostrando que será sempre uma produção atemporal.

Essa versão mais recente é um remake muito bem-sucedido de A Mosca da Cabeça Branca, de 1958, Que por sua vez é um filme fantástico e outro grande clássico da ficção cientifica, trazendo efeitos incríveis para sua época e uma história igualmente poderosa.

Conheça a melhor versão dessa obra e saiba como ''A Mosca'' conta com uma alegoria atemporal que é muito relevante até hoje.

História:

''Tenha medo. Tenha muito medo''. Na trama, o cientista Seth Bundle (Jeff Goldblum) inventou uma máquina revolucionaria capaz de teletransportar objetos inanimados. Mas o sucesso de sua descoberta não é o suficiente para ele, o que Seth quer é poder ir e vir de um lugar para outro sem precisar usar um carro ou avião. O que implica utilizar sua máquina para transportar seres vivos. No entanto, antes ele precisaria testá-la ao máximo para evitar acidentes. Os testes em babuínos foram um enorme fracasso, no início, porém, Seth encontrou uma solução para fazer sua maquina funcionar corretamente; mas ficou impaciente de esperar um melhor desenvolvimento de sua criação, e de maneira bastante impudente, ele utiliza o aparelho em si mesmo.

O processo é novamente bem-sucedido, não fosse um pequeno porém, uma mosca entrou na capsula de teletransporte e teve seu DNA fundido com o do cientista, A partir desse momento, Seth daria início ao seu maior pesadelo: ele veria seu corpo metamorfosear em um terrível inseto humanoide, enquanto, gradualmente, vai perdendo sua humanidade.

Metáforas e analogias: subvertendo enredos clássicos.

Histórias de cientistas excêntricos e seus experimentos malucos que dão errado nós tivemos aos montes, Frankenstein e O Médico e o Monstro são dois exemplos disso. Porém, nesse longa, nós vemos que o diretor Cronenberg estava disposto a nos apresentar um enredo diferenciado. Mais ou menos na metade do longa, o mocinho, galã, se transformou em uma criatura nojenta e repulsiva, capaz de deixar enojado o maior amante de histórias de terror com todos os tipos de monstros. Em contrapartida, o suposto vilão do longa, o ciumento Stathis, foi transformado no herói da história, tentando salvar a atual namorada de Seth das garras daquela criatura medonha.

O drama de Seth, agora, uma criatura repulsiva, muito se compara ao romance clássico, ''A Metamorfose'' de Franz Kafka, onde do dia para a noite, o protagonista percebe que se transformou em uma enorme barata cascuda, nojenta e gosmenta. Uma analogia aos avanços do tempo e a crise da meia-idade. Exemplificando o medo que nós temos de envelhecer. O que nós vemos em A Mosca é a mesmíssima tragédia, mas de uma forma ainda mais apavorante.


O fim da tragédia:

Vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem. A Mosca realmente impressiona com a transformação de Seth no decorrer da trama. Vemos gradativamente sua degradação. Física e mental. O drama do personagem que, lentamente, percebe que está perdendo sua humanidade. Ao final, nós vemos o resultado de sua loucura, tanto quanto seu delírio, tentando fundir-se a mãe de seu filho, de modo a serem literalmente uma só família. Uma só criatura.

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